Ela estava sentada na cadeira do fundo, encostada à parede. Sentia-a ausente; distante. A Dona Inácia chamava-a a atenção constantemente, para ela se endireitar e se concentrar, embora o seu corpo não permitisse que ela coubesse na pequena cadeira de madeira.
Chovia bastante lá fora. A temperatura da sala deveria apenas atingir os dez graus, de modo que todos estavam encolhidos e cobertos de casacos. Até a Dona Inácia, que é uma mulher calorenta, de dois em dois minutos dava aquele berro a repontar com o frio, sempre que se chegava perto da janela.
A rapariguinha lá continuava, quieta e serena, com os seus pensamentos, no seu mundo. Com o seu cabelo encaracolado e pouco penteado, lá o endireitava para não ultrapassar a lente dos óculos. Tinha um aspecto solitário, a coitada da menina.
A Dona Inácia e a rapariga do fundo da sala eram mãe e filha.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário